APINCO 2013 - Carboidrase

AVALIAÇÃO DA ENZIMA CARBOIDRASE EM RAÇÕES PARA FRANGOS DE CORTE

 

EH Fukayama^*1, JI Fernández², KVZ Augusto¹, YN Fuzissaki³

¹ Centro de Pesquisa BITA – Busca Inteligente em Tecnologia Animal – ellen@bita.vet.br

² Manager Feed Specialities - PINTALUBA Group - jifernandez@pintaluba.com – www.pintaluba.com

³ Aluno Graduação - Bacharelado em Biotecnologia - UFSCAR São Carlos

 

Introdução
Enzimas como α-galactosidase, galactomananase, xilanase e ß-glucanase, promovem a hidrólise de PNAs como os arabino-xilanos, ß-glucanos, α-galactosídeos e galactomananos, melhorando a ação das enzimas digestivas endógenas e aumentando a digestibilidade dos nutrientes dos alimentos para os animais monogástricos. O milho e o farelo de soja possuem 9,7% e 21,7% de PNAs, respectivamente (1). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da enzima carboidrase nas rações para frangos de corte sobre o desempenho das aves e a digestibilidade das rações.

 

Material e Métodos

O ensaio de desempenho foi conduzido em galpão comercial, dividido em 24 boxes pertencente ao Centro de Pesquisa da BITA, localizado na cidade de Cosmópolis - SP. Foram utilizados 720 pintos de corte de um dia de idade, machos Hubbard, pesados individualmente (média 47,73g). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos (T1: Controle Positivo (CP), T2: CP com redução energética de 55kcal EM (CN) e T3: CN + 125ppm de carboidrase), oito repetições com 30 aves. A carboidrase utilizada foi a APSAZYME DC (Andres Pintaluba S.A. - ESPAÑA), uma preparação em pó concentrada de enzimas β-glucanase e β-xilanase, produzidas a partir da fermentação de Aspergillus níger com malte de cevada como excipiente. Os parâmetros avaliados foram consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) 1 a 42 dias. Para o ensaio de digestibilidade foram alojados 192 frangos com 21 dias em 24 gaiolas de metabolismo, sendo os mesmos tratamentos, oito repetições com oito aves. As aves permaneceram por quatro dias em adaptação, quatro dias de coleta total de excretas (25 a 28 dias de idade), de acordo com a descrição da metodologia da coleta total. Os parâmetros avaliados foram os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), proteína bruta (CDPB), extrato etéreo (CDEE), matéria mineral (CDMM), fósforo (CDP) e cálcio (CDCa) e determinação da energia metabolizável (EM). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas através do Teste Tukey a 5% de significância SAS v.8 (2000).

 

Resultados e Discussão

Na Tabela 1 observa-se que para todos os parâmetros de desempenho não houve diferença significativa entre os tratamentos. Porém, apesar da CA não ter apresentado diferença estatística, observa-se que a utilização de 125 ppm da carboidrase em dietas contendo 3045 kcal/kg foi capaz de melhorar a CA em 1% ou 18g (1,758 vs 1,740) quando comparadas a aves recebendo a dieta controle positivo (3100kcal/kg). A eficácia da suplementação enzimática tem sido bem estabelecida e estudada e o uso de xilanases e β-glucanases tem se mostrado eficiente em melhorar o desempenho de aves alimentadas com dietas contendo ingredientes como milho e farelo de soja, considerados grãos que não promovem viscosidade. Pelo ensaio de digestibilidade, observou-se que a suplementação de carboidrase proporcionou melhor coeficiente de digestibilidade da PB e do P (P<0,05) ao comparar com a dieta CP e CN. Mesmo com a leve redução energética (55 kcal) nas rações T2 e T3 foi possível observar diferença significativa (P<0,05) na EM das rações, sendo a dieta CP superior ao CN e igual a dieta com suplementação da carboidrase. De acordo com (2), vários trabalhos demonstram que a ação de xilanases e glucanases em dietas de aves e suínos melhora não somente a metabolizabilidade da energia, mas também incrementa a digestibilidade dos aminoácidos. Quando os efeitos da enzima são considerados com base em percentual de melhoria da fração indigerível, comparados ao CP, os resultados demonstram de maneira consistente que existe uma melhoria de 4,5% PB, 15,5% P e 5,1% Ca, que pode ter ocorrido pelo melhor aproveitamento da maior eficiência das reações enzimáticas digestivas a partir da liberação de nutrientes, cátions e enzimas complexados. Acredita-se que xilooligosacarídeos e gordura estejam relacionados com a melhor ou pior digestibilidade, em um processo que retarda o esvaziamento gástrico e a taxa de passagem do alimento, através da modulação de um peptídeo hormonal denominado PYY. Tal teoria foi recentemente colocada a prova por (3), onde os autores usaram xilanase em dietas reduzidas em 100Kcal através da substituição da gordura ou através de uma diluição da dieta com farelo de trigo sem remoção da gordura da formulação, e a conclusão dos autores foi que em ambas as situações a xilanase foi eficaz, mas que a manutenção de níveis mínimos de gordura na formulação podem ajudar na resposta da enzima. Essas informações podem ajudar a explicar os resultados deste experimento, no qual a dieta CP continha 65% milho e 2,45% óleo de soja, enquanto que a dieta CN (T2 e T3) continha 66% milho e 1,40% de óleo. Ou seja, provavelmente o nível mínimo de gordura não foi atingido o suficiente para diferenciar estatisticamente a EM do grupo CN (3054 kcal) do grupo com suplementação da carboidrase (3101 kcal), mas pode-se observar melhora de 1,5% na EM com uso da carboidrase. Através de uma breve análise econômica, avaliando o custo de cada ração (R$) pela conversão alimentar, observa-se que o custo da ração com carboidrase foi 3% menor comparado a ração CP, isso se deve a melhora na CA com o uso da carboidrase.

 

Conclusão

A suplementação 125 ppm de carboidrase/kg de ração não afetou o desempenho, mas melhorou em 4,5% o CDPB, 15,5% o CDP, comparado ao CP e melhorou em 1,5% EM, comparado ao CN.

 

Bibliografia

1. BACH KNUDSEN, K. E. 2001. Animal Feed Science Technology. 90:3-20.

2. GOMES, G.A. VI Encontro Técnico Unifrango - Maringá, PR, Brasil 2012.

3. MASEY O’NEILL, H.V. et al. Poultry Science 91:1356–1360, 2012.